O Luto Sob a Lente da Psicanálise: Da Perda à Ressignificação
- Psicóloga Luciene Degli
- 16 de jul. de 2023
- 2 min de leitura

O luto é um processo complexo de readaptação emocional que se segue à perda de uma pessoa, objeto ou conceito significativo, categorizado como um processo lento e doloroso que cursa com uma tristeza profunda que se instala após tal perda.
Na psicanálise, o luto é entendido como um processo intrapsíquico, uma jornada interna que envolve a reestruturação do mundo do indivíduo. Vale destacar que, um processo de luto mal elaborado pode trazer consequências severas para o enlutado.
Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, foi um dos primeiros a explorar o conceito de luto . Em seu trabalho “Luto e Melancolia" (1917), Freud descreveu o luto como um processo de "desligamento" do objeto perdido.
Este "trabalho do luto", como Freud o chamou, envolve a revisão e a revivência das memórias e sentimentos associados ao objeto, permitindo que o ego se “liberte” gradualmente de sua ligação com tal objeto.
A psicanálise distingue o luto normal da melancolia, que é quando o processo de luto se torna patológico. Na melancolia, o ego se identifica com o objeto perdido, levando o sujeito a um sentimento de uma dor que parece interminável.

O psicanalista britânico Donald Winnicott expandiu a compreensão do luto ao enfatizar a importância do ambiente e das relações interpessoais. Para Winnicott, um ambiente de apoio e compreensão é crucial para permitir que o indivíduo vivencie e eventualmente supere a dor da perda.
A psicanálise, como abordagem terapêutica, oferece um espaço seguro e confidencial para explorar e expressar esses sentimentos. O psicanalista acompanha o paciente em sua jornada de luto, ajudando-o a entender e a dar sentido à sua experiência.
Elisabeth Kübler-Ross, em seu trabalho "Sobre a Morte e o Morrer" (1969), propôs um modelo de cinco estágios do luto entre eles: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Cada uma possui características e “modus operandi” específicos. Embora todas sejam integrantes do processo de luto, é importante destacar que elas não acontecem de forma linear e cada sujeito as vivencia de maneira única, podendo mover-se através desses estágios em seu próprio ritmo, ou ainda voltando a estágios anteriores ou pulando alguns completamente.
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